dia 6, 2013
O que desencadeou dia 6, foi a vontade de trabalhar a partir de um arquivo de registos vídeo que habitualmente servem como referências visuais para o meu trabalho de pintura. Neste caso são registos do plano do céu recortado pelo topo dos edifícios, capturados em andamento, num travelling que regista um passeio quotidiano. Este registo relaciona-se com a ideia de presença breve num lugar comum, num tempo específico, mas com um olhar particular.
A partir do momento que comecei a operar o som, percebi que este era o factor mais importante do projecto. Parti de um guião, assente nas acções sonoras que registei no lugar das filmagens. Em dia 6, o som regista acções que estão fora do campo da imagem. A natureza dos sons apela ao movimento, a uma mudança de lugar e da posição do espectador. Este confronto entre visão e audição, entre imagem e som, criam um novo espaço, uma heterotopia, apelando directamente à percepção/imaginação do espectador. Esta dialéctica entre o que está fora e o que está dentro do plano da imagem torna-se o assunto principal do vídeo como nos filmes, Branca de Neve de João Cesar Monteiro e Blue de Derek Jarman. Os sons são os do quotidiano, por vezes ruídos e texturas não identificáveis. Há momentos importantes em que imagem e som andam em paralelo, outras em que realizam dobras na narrativa. Porque o que vemos a maior parte do tempo são planos fechados do céu, fixos sobre o mesmo assunto, o guião sonoro, tenta provocar imagens mentais. Os curtos registos de diálogo existem enquanto legendas, e passam a ditar momentos importantes para a montagem. _______________________________________________ What triggered day 6, was the desire to work from a personal video files’s archive that usually serves as visual reference for paintings. In this particular case I have selected a clip of sky footage cropped at the top by tall buildings, captured while in movement, in a traveling that records a daily walk. This documentation is related to the idea of a short presence in an ordinary place at a specific time with a particular look. From the moment I started working with the recorded sound, I realized that this would be the project’s most important factor. I started with a script based on the sound actions registered on location. In day 6, the sound records actions that are outside the field of vision. The nature of the sounds ask for movement, a change in place and in the position of the viewer. This confrontation between vision and hearing, between image and sound, is what creates a new space, a heterotopia, appealing directly to the perception / imagination of the viewer. This dialectic between what is outside and what is inside the image frame, becomes the main subject of the video like in João Cesar Monteiro’s movie Snow White or Blue by Derek Jarman. Its sound is from the everyday life, sometimes unidentifiable noises and textures. There are important moments where image and sound go in parallel, other as if making narrative folds. Because what we see most of the time are close-ups of the sky, fixed on the same subject, scripted sound, tries to evoke mental images. The dialog appears in the form of subtitles, and they dictate important moments for montage. |
Disponível para visualização | Available for viewing
https://vimeo.com/99407311 |